sábado, 24 de outubro de 2009


- Vai, fala um número de 70 à 80! Se você acertar, você faz um pedido e ele se realiza!
- Hmmmm... 76!
- CARALHO Cris! *Mostra o papelzinho*
- Faz um pedido agora!
*Pensa*
- Hmmmmmmmmmmmmm, pronto!
- Agora você guarda com você, até o pedido se realizar!


Está na carteira, falta o desejo agora! Se realizar, ficarei eternamente feliz. Se não, ficarei feliz pelo tempo que for.
E se pá, 76 é meu número de sorte...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Tem coisa melhor do que andar na chuva pra colocar as ideias no lugar?
Sentir seu corpo frio, as gotas batendo na cara e as roupas molhadas.
Preciso fazer mais isso.
Pegar uma gripe e ser feliz.
Mudam os dias e a dança dos dias segue conforme o combinado,
sem combinações, sem noção, sem sentido.
'Paixão devora este silêncio e diz onde há certeza nessas mãos...
Eu juro, tento não ter medo e tento zelar pelos meus irmãos.'
Às vezes um cheiro bom regado à lágrimas é o que alivia, desmorona e constrói.
A antítese do bem querer.
Respirar não parece mais tão vital.
Faltam pedaços de palavras em mim,
palavras que se completam e me formam.
Onde estão?
Sei que perdi algumas letras agora.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009


Quando o que eu mais acreditava era que tudo era

Eu acreditei por um segundo que nunca mais iria andar por ai novamente.

Me enganei profundamente.

Hoje minha vontade é andar por ai, sem nenhum destino,

Sem hora pra voltar, sem nada pra fazer.

Só por caminhar.

Sem acreditar em caminho, em destino.

predestinado,

Por algo ou alguém,

Sem fazer meu próprio caminho.

E eu não tinha a quem mostrar meus passos,

Agora eu tenho uma razão pra andar.

Por não acreditar em nada,

Em ninguém,

Não confiar na minha sombra.

Por achar que caminho, a gente faz sem razão nenhuma.

Razão, motivo, circunstância.

Só eu e mais ninguém,

Além da minha própria sombra.

Telefone nas mãos,

Verde ou vermelho novamente.

Hora de pular ou de atar os pés,

Afundando na lama ou correndo livre pela areia.

Corri tanto que meus dedos tremem,

Dos meus olhos escorre silêncio.

Da minha boca sai desatinos.

Hoje eu tenho noção de algo,

Ou de nada.

Depende do gosto do café,

Que me move e me molda.

Sempre uma desculpa,

Sempre um refúgio.

Lua, céu, mar,

Nada do que me importa realmente.

Nada que eu me importo mais.

Nada nem ninguém.

Nem eu mesmo.

Nem uma razão,

Um sentido,

Uma desculpa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


Olhei pela vitrine e pela primeira vez em minha vida, vi um sapato que me fez apaixonada, precisava daquele sapato com cada fibra do meu ser, precisava usá-lo. Mas naquele momento eu tinha pressa e nenhum dinheiro. Nem ao menos sabia se ele caberia nos meus pés. Voltei pra casa, cabisbaixa e sonhando com o sapato.

Todas as semanas eu passava em frente à loja, olhava, olhava e olhava, sem nem ao menos coragem de entrar e experimentar os sapatos. Eles me inspiravam uma confiança que eu nunca sonhara em ter, algo além dos meus limites, algo que eu nunca teria coragem de usar, isso é fato.

Acho que passei meses assim, e não sei porquê, nunca tiraram da vitrine aquele sapato. Talvez vissem minha curiosidade e o mantinham ali pra ver quanto tempo eu agüentaria sem comprar, talvez tivessem esquecido ele ali, talvez... Quem sabe.

Sei que passei um dia lá, acho que depois de muita coragem, entrei na loja. Sentei muito calmamente e olhei, olhei e olhei novamente para o sapato que eu já tinha decorado as principais características. Um vendedor só olhou de longe pra mim, meio que desconfiado. Acho que já me conhecia e via como eu cobiçava aquele sapato. Chegou bem perto de mim e perguntou se eu gostaria de experimentá-lo. Eu disse, hesitando, que sim. Perguntou-me o meu número, respondi 36. O vendedor deu um meio sorriso, meio gemido baixo e disse que só tinha aquele par e que era 34. Eu estava desesperada. Pedi para trazer-me mesmo assim, porque eu sentia que ele caberia, mesmo sendo dois números abaixo do meu. Acho que ele me olhou como se eu fosse louca, mas trouxe mesmo assim.

Dali pra frente, tive uma experiência única, um momento que eu nunca vou conseguir descrever, mesmo porque, tentar descrever uma prova de sapatos, parece algo meio bizarro. Sentei-me de frente para eles, encarando-os como nunca tinha tido coragem de fazer e percebi que eles eram muito diferentes do que eu achava. Muito mais grandiosos e brilhantes. Paixão à primeira vista de algo que eu já tinha visto faz tempo. Me senti uma idiota, por amar tanto um par de sapatos. Coisa ridícula, de adolescente mimada pelos pais. Mas fazer o que, nem eu me entendo quando se trata de algo que eu quero muito, como foi com aquele par misterioso.

Naquele instante, que eu coloquei aqueles saltos na minha frente e encaixei ali meus pés, dois números maiores que a forma, eu vi, algo de errado, não era possível. Couberam. Couberam como nenhum tênis jamais me confortara tanto. E eu vi que sem aqueles malditos sapatos, eu não iria sair dali. Já não me movia, vidrada pela beleza, pela grandiosidade deles. O que me assustou um pouco, pois nunca fora tão apaixonada por sapatos assim, apenas em festas e outras ocasiões formais.

O vendedor continuava me olhando como se eu fosse louca. Como em sã consciência um sapato dois números menores caberia em um pé? Nunca. Ele mesmo se achava um louco agora. Perguntou-me com a voz rouca se eu os levaria. Respondi apenas com a cabeça, sim. E eles seriam finalmente meus.

Paguei, sai da loja com um sorriso maior que meu rosto, segurando em minhas mãos o pacote mais precioso do universo. Os sapatos, que agora eram meus. Só, só meus. E eu os usaria sempre que quisesse. Ou não, os guardaria para olhar, sem nunca tirá-los da caixa.