terça-feira, 30 de março de 2010

Eu já corri maratonas,
cacei estrelas,
mergulhei fundo,
escrevi cartas,
mudei mundos,
percorri caminhos novos,
chorei tudo,
engoli nada.
Mesmo assim eu tentei de tudo.
Mesmo assim eu ainda tento.
Mesmo sendo em vão.
Mesmo sendo perdido.
Tudo escrito e guardado,
mesmo quando deveria ter sido queimado.
O gosto fica,
o cheiro fica.
E meu peito chia de cansaço.

terça-feira, 23 de março de 2010

(Foto por mim mesma, do celular, em uma aula sobre fotografia)



Vazio.
Única palavra que eu sei que me descreve como eu sou.
Simples assim.
Sem sentimentos profundos que me façam perder o sono,
ou vontade de senti-los.
Apenas em uma existência precária, forçando minha mente a sobreviver, fingindo.
Eu só não tenho vontade.
Simples assim dois.
Já tentei, amar, sentir, dor, deixei me machucarem e nada adiantou.
Vazio.
Apenas isso.
Calor e frio é consequência do SER humano, por quer ser humano eu não sou.
Só por fora.
Não, ninguém nunca desconfiou.
Sempre soube fingir, está no meu sangue.
O riso é uma arte, arte humana, qual não sou capaz.
Lembram-se da expressão 'riso amarelo'? É do que sobrevivo nesse mundo de capas.
Eu me questiono se queria que fosse diferente,
se eu gostaria de sentir.
Mas não consigo encontrar resposta para isso.
É tão irrelevante para mim.
Fingir amar é a pior parte, a mais difícil.
A que mais exige de mim, do meu talento em reproduzir.
Todas as noites um telefonema,
todas as noites treinando minha voz.
'Vai ficar tudo bem!'
'Te vejo de manhã meu amor'
'Também te amo!'
Simples palavras que se enrolam num carretel de farsas.
Farsa essa que sou eu, amplamente assim.
Nunca dou um pulo sem ter certeza da queda.
Do meu ponto de vista, a queda é maior, quase abissal.
Em que não vejo o fundo.
Então preciso ter certeza do que faço, sempre.
E esconder entre os dentes as palavras vazias do meu corpo falso.
Casca largada.
Contar uma história assim, superficial e tosca.
Simples e singela.
De modo a fazer com que todos acreditem na minha inocência sem nem saber meu nome, ou o que eu sou.
Eu sou algo que não existe e não quer existir.
Não, pelo simples fato de existir.
Vago demais, como eu.
Criar sentimentos falsos, por pessoas com sentimentos verdadeiros é algo que me comove. 
Pausa para tossir a ironia do meu peito.
Não acho justo, nem real.
Não que eu não ache nenhuma dessas duas palavras utópicas.
Sou simplesmente assim.
Se eu não fingir, morro.
Por dentro.
E serei mais que uma casca vazia, serei nada.
Não que em um mundo tão cheio de nadas, ser mais um (nada) seja uma grande diferença.
Mas é uma grande merda, pra mim.
Pelo menos não ter nada de mim, requer algum esforço mental.
Que me leva a seguir por um caminho que não é nada.
Só é vazio.
Como eu.










Estou tentando criar histórias, sobre personagens machucados, medrosos ou simplesmente desajustados, que podem ser eu, você ou qualquer um... Simples assim. Acho que ando vendo muito Dexter, ando querendo começar a pensar certas coisas como ele pensa. Chega Cris, pare enquanto pode.

terça-feira, 16 de março de 2010

Minhas palavras se esgotaram, de todos os tipos.
Sentei e pensei e não consegui pensar em nada.
Decepção com muitas coisas? Muitas pessoas?
Nem minha sombra me convence mais, quanto mais, outros.
Desistir, que pela primeira vez não estava nos meus planos, me veio em mente.
Defeitos infinitos, qualidades escondidas e eu não sei o que dizer disso.
Muitas pessoas, muitas coisas, poucas ações, poucas palavras.
O que acontece quando não sabemos o que fazer?
Montanha russa, sobe e desce.
Coisas não ditas, mais que faladas, num olhar, num sorriso mudo.
Mãos nos cabelos que não tem mais retorno.
Infinito no olhar que se acaba.
E a contradição disso tudo.
A antítese e a síntese que não são mais tão reais assim.
Não em mim, não em ti?!
Passado que mata e confunde, diferentes passados.
Passam por baixo da ponte, num misto de águas.
Quem sabe, quem disse o que?
Poderíamos ser mais e escolhemos ser nada?
Isso está certo?
Eu temo e isso é fato.
Eu temo e não tenho medo de temer.
Todas as praças, as camas e caminhos.
Tudo sem uma distinção vaga, mas clara.
Que seja confuso, sou assim e assim sempre serei.
Lerá, verá, sentirá algo?
Não sei.
Não vejo mais o antigo olhar.
Sinto falta do olhar. De criança para criança.
Seremos dois nessa história.
Dois não são um. Nunca serão.
Mas são tantos enrolados nesse enredo louco.
Louco e frenético.
Louco e passivo.
Louco e momentaneamente eterno.
Em minhas doces contradições.
Mas faço questão de olhar as palavras no ar.

E ler o que ninguém consegue.
E ver e ter esperanças,
que nem eu mesma via em mim.
Será assim e assim será, já não são a mesma coisa.
Coloco meus fones no ouvido e já não existe mais nada.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Hora de me desligar.
Tirar de mim, tudo que não for meu.

Tudo que me faz sonhar e tirar os pés do chão.
Hora de ficar em stand by.
Hora de fugir.
Mas fugir pra longe, sem sair do lugar.
Expulsar meus demônios de mim.
Serrar a grade.
Pular de cabeça num abismo que não tem o nome de ninguém no chão.
Deixar de tudo, pra tudo.
Tentar me encontrar em mim.
Hora de puxar o fio da tomada.
Deixar de ser um experimento.
Lembrando que tirar os pés do chão não faz ninguém voar.
Ninguém.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Música que não sai da cabeça...

'Mas toda vez que você está perto de mim

Eu esqueço tudo te olhando sorrir

E tudo soa como música até a hora em que você me beija no rosto
E outro adeus me diz
Tento me dizer que talvez seja melhor assim
E que talvez teu mundo não tenha lugar pra mim'



Dance of Days - Balada do Corcel Verde Velho

terça-feira, 9 de março de 2010

O homem das lágrimas.

Ontem, entrei no metrô, de fones e óculos escuros. Mas tenho uma mania meio estranha, eu observo tudo e tento analisar, as pessoas, suas atitudes, porque no metrô todo mundo é anônimo né.
Sentei no canto do vagão e fiquei olhando pra janela. De repente eu olhei para o lado e vi um cara, com os cotovelos apoiados no joelho e a cabeça nas mãos, chorando, desesperada mas silenciosamente.
Reparei em algumas coisas sobre esse cara. Ele tinha uma aliança de noivado no dedo, tinha uma carta começada por 'Amor' na mão e várias sacolas de compras de shopping no chão.
Ele chorava de um jeito que dava vontade de ir até lá e perguntar se poderia ajudar em algo, ou simplesmente ouvir, porque era o que parecia que ele precisava fazer, falar tudo que tava engasgado.
Então eu fiquei pensando no que poderia ter acontecido pra fazer esse cara sair do trabalho e chorar tanto assim. Se a 'noiva' dele tinha o abandonado ou recusado uma proposta de casamento, se ela tinha morrido (pode soar dramático, mas pelo jeito como ele chorava, eu não descartei essa possibilidade) ou se alguém tinha morrido e tinham avisado ele pela carta ou algo do tipo. Isso ficou muito tempo na minha cabeça.
Eu sou do tipo de pessoa que não tem coragem de ir lá conversar, mas esse cara merecia um post aqui.
Espero que o que quer que tenha acontecido, ele não tenha perdido a cabeça, porque ele parecia ser desse tipo de pessoa.
A vida é muito estranha e a gente não conhece nada dela e nem acho que conheceremos muito ainda.
Mas fica a dúvida, o que será que aconteceu com ele?

sábado, 6 de março de 2010

Eu posso escrever tanto pra você, quanto pra mim mesma.
Posso esperar respostas ou apenas me escutar dizendo que não no meu próprio ouvido.
Eu não sei se me importo mais.
Com respostas ou silêncios.
Com cartas ou mensagens.
Com músicas ou letras.
Tá tudo tão tanto faz que me assusta.
Tá tudo tão cinza que me faz esquecer das cores.
O que fazer, o que pensar,
eu já nem sei mais.
Talvez seja melhor parar de pensar.









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