terça-feira, 17 de novembro de 2009


Sentado à beira d’água ele sorria sozinho, lembrando dos bons dias. Dias que se foram, mas que ele pensava serem sonhos. Lembrando-se das coisas ditas, dos simples atos. Ele a amava e ela estava lá, com certeza amando outro alguém. Acompanhando em seus bolsos estavam eles, inseparáveis companheiros, papel, caneta e cigarro. Faltou o café (resolveria isso ao anoitecer, quando saísse de lá).

Ali, naquele ponto eles haviam estado tantas e tantas vezes, sentados, conversando ou em silêncio, por horas a fio, até notarem a lua no céu e o ponteiro do relógio. Rindo, chorando, de mãos dadas ou se olhando ao longe. Tantas coisas que ele sentia distantes e disformes

Acendeu um cigarro e pegou a caneta. As palavras simplesmente não saiam, estavam presas em um grito na garganta. Tentou chorar, sem forças, sem reação. Nada traduziria em palavras aqueles sentimentos, que nem mesmo ele conseguia entender.

Nada faria aquele pôr-do-sol ter as mesmas cores. Nada.

Levantou-se, jogou a folha em branco no lago e aquele infinito de palavras mudas sumiram no azul da água.

Apenas uma lágrima acompanhou seu adeus.

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