terça-feira, 23 de março de 2010

(Foto por mim mesma, do celular, em uma aula sobre fotografia)



Vazio.
Única palavra que eu sei que me descreve como eu sou.
Simples assim.
Sem sentimentos profundos que me façam perder o sono,
ou vontade de senti-los.
Apenas em uma existência precária, forçando minha mente a sobreviver, fingindo.
Eu só não tenho vontade.
Simples assim dois.
Já tentei, amar, sentir, dor, deixei me machucarem e nada adiantou.
Vazio.
Apenas isso.
Calor e frio é consequência do SER humano, por quer ser humano eu não sou.
Só por fora.
Não, ninguém nunca desconfiou.
Sempre soube fingir, está no meu sangue.
O riso é uma arte, arte humana, qual não sou capaz.
Lembram-se da expressão 'riso amarelo'? É do que sobrevivo nesse mundo de capas.
Eu me questiono se queria que fosse diferente,
se eu gostaria de sentir.
Mas não consigo encontrar resposta para isso.
É tão irrelevante para mim.
Fingir amar é a pior parte, a mais difícil.
A que mais exige de mim, do meu talento em reproduzir.
Todas as noites um telefonema,
todas as noites treinando minha voz.
'Vai ficar tudo bem!'
'Te vejo de manhã meu amor'
'Também te amo!'
Simples palavras que se enrolam num carretel de farsas.
Farsa essa que sou eu, amplamente assim.
Nunca dou um pulo sem ter certeza da queda.
Do meu ponto de vista, a queda é maior, quase abissal.
Em que não vejo o fundo.
Então preciso ter certeza do que faço, sempre.
E esconder entre os dentes as palavras vazias do meu corpo falso.
Casca largada.
Contar uma história assim, superficial e tosca.
Simples e singela.
De modo a fazer com que todos acreditem na minha inocência sem nem saber meu nome, ou o que eu sou.
Eu sou algo que não existe e não quer existir.
Não, pelo simples fato de existir.
Vago demais, como eu.
Criar sentimentos falsos, por pessoas com sentimentos verdadeiros é algo que me comove. 
Pausa para tossir a ironia do meu peito.
Não acho justo, nem real.
Não que eu não ache nenhuma dessas duas palavras utópicas.
Sou simplesmente assim.
Se eu não fingir, morro.
Por dentro.
E serei mais que uma casca vazia, serei nada.
Não que em um mundo tão cheio de nadas, ser mais um (nada) seja uma grande diferença.
Mas é uma grande merda, pra mim.
Pelo menos não ter nada de mim, requer algum esforço mental.
Que me leva a seguir por um caminho que não é nada.
Só é vazio.
Como eu.










Estou tentando criar histórias, sobre personagens machucados, medrosos ou simplesmente desajustados, que podem ser eu, você ou qualquer um... Simples assim. Acho que ando vendo muito Dexter, ando querendo começar a pensar certas coisas como ele pensa. Chega Cris, pare enquanto pode.

Um comentário:

the taste of ink disse...

É, você estava certa, super identificável e dexteriano :D

E mais triste (não dificil) que simular amor, é simular paixão.

Nos vemos sábado.