segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

De repente parecia que eu tinha dormido por uma eternidade. Parecia que o efeito da bebida da noite passada não tinha passado. E que a ressaca me consumia. Tinha um peso em cada um dos meus poros, suados, cansados. A adrenalina ainda pulsava no meu sangue, fazendo ele correr quente por minhas veias. Mas ao mesmo tempo, eu sabia que estava parado. Eu estava dormindo acordado? Estava acordado enquanto achava que estava dormindo?
Abri os olhos. Uma claridade me cegou por alguns instantes, mas não entendi. Estava escuro quando eu dormi. Quanto tempo eu fiquei na cama? Mas espera, esse não era meu quarto. E definitivamente eu não dormia com pequenos tubos ligados ao meu nariz. Nem respirar doía tanto.
Tentei levantar um braço, mas os poros ainda estava pesados, cheios de suor. E o esforço foi em vão. Meus dedos estava duros e cerrar os punhos parecia uma tarefa de maratonista. Esporte nunca foi meu forte, nem insistir em nada. Desisti.
Pensei em dormir de novo, mas vi que não conseguiria, não agora. Não enquanto não visse de onde vinha toda essa luz.
Minha boca estava seca, sem saliva, com um gosto de ferro. Tentei entender, mas não consegui.
Mas a luz ainda me cegava e eu não entendia nada ainda.
Uns barulhos de ferro sendo cortado surgiram em meus ouvidos. Mas não vinham de fora, vinham de dentro, bem de dentro. O que me assustou um pouco, um susto sem reação.
Dormi mais um pouco.
Acordei leve, ainda cego por toda aquela luz. Me levantei com todo o cuidado. O suor dos meus poros tinha sumido e eu já podia me mover sem pressa nem peso.
Sai da cama e fui caminhando. Acho que andei em círculos. Me sentei em um sofá e fiquei olhando.
Acho que era noite, pois ninguém andava por ali.
Só um cara deitado em uma cama, tentando se mover, como se andasse sem passo algum. Vi que ele estava doente, ou machucado. E pensei no que deveria ter acontecido com ele.

Então me veio à mente...

O carro...

A chuva...

O caminhão...

E o escuro.

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