quarta-feira, 17 de novembro de 2010




"Durmo quatro horas por noite, nos dias bons. Penso em café. Me transformo. Sento na frente do computador. Vejo um monte de teclas misturadas. Procuro tudo que não preciso em um lugar que não existe. Penso na teoria dos vaga-lumes, será que só os via porque eu era criança? Meu encanto se perdeu? Tomo suas dores pra mim e as abraço com toda a minha força. Me desdobro pra tirar um sorriso que é alheio à mim. Me esforço para fazer todas as coisas erradas o tempo todo, me esforço assim, para o errado mesmo. Penso nos Sonhadores e seus sonhos malucos transformados em palavras, não estou sozinha. Penso em todos os Sonhadores que se passam em minha cabeça, através das palavras. Penso em viver mais, mas precisaria morrer. Penso em tirar do pensamento tudo que deveria estar em uma gaveta empoeirada, trancada com uma chave pesada de ferro. Continuo no mecanismo entediante da rotina e como isso dura até às 17 horas. Mecanismo entediante de uns mil na mesma hora, na mesma intensidade, cada qual com seu individualismo aflorado na multidão. Contato involuntário, penso “as pessoas não ficam, sempre passam e evitam contato com o homem e seus desencantos...” Mais uma aula. Mais um dia. Mais uma página do caderno em branco. Mais um abraço ali do meu canto, em silêncio e sem contato. Mais um pensamento involuntário. Passa a catraca, guarda o cartão, abre o guarda-chuva, sente os pingos, pega o cartão, passa a catraca."

Nenhum comentário: