quinta-feira, 30 de setembro de 2010

We are the dreamers...



As lembranças que me vieram à mente por hora.

Chuva, domingo, cheguei do shopping, tirei meu Cálice de Fogo da sacola amarela da Nobel e coloquei em cima do sofá. Fui até meu quarto, peguei meu colchão, coloquei na sala (estava frio e chovia), peguei também um cobertor e um travesseiro, deitei e devorei aquele livro (só a antropofagia nos une) e cheguei feliz na escola, com o livro debaixo do braço, pra mostrar para os amigos a nova aquisição. 2001.














Primo de Goiás pra cá. Casa do pai uma noite. Bonequinhos de Harry Potter e um cd da Legião Urbana (Mais do Mesmo). Minha paixão por Faroeste Caboclo começou ali. Meus arrepios em Pais e Filhos também. Lembro desses bonequinhos (acho que os perdi) e lembro do Renato cantando e do primo falando. 2001 ou 2002...

Galeria do Rock. Lírio aos Anjos $15, A História Não Tem Fim $10, A Valsa das Águas Vivas $10 e mais algumas bugigangas. Selene, não tem outra pra lembrar.

Sítio, lendo Harry Potter 7 na cama, com o dia nublado lá fora. Ouvindo muito Insônia 2008. Coração meio partido, mas sorriso de nem ligando. 2007.

Praia Grande. Calor infernal, família. Insônia 2008 corrompendo meus ouvidos durante uma semana, sem interruções. Uma semana para esquecer, esqueci. 2008.

Paulista, câmera na mão, luzes e mais luzes. Uma vontade enorme e a falta de possibilidade. Soco no poste. Raiva, frustração, felicidade e queria uma cerveja. Fotos e mais fotos. Fotos de um fim de ano. 2009.

A certeza que um ano novo não conserta velhas mágoas. A certeza que um ano novo é só mais um dia comum...

E nós vamos continuar aqui...esperando viver.

Onde estarei daqui 2 meses e alguns dias?
Ah dezembro, hoje você acordou na minha memória! E fazer ela retomar todas as lembranças multisensoriais que me movem!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010



Passei ali, na rua São Luiz. Meu único ponto de vendas e procurei meus rapazes. Andei por toda a extensão que pude, uns três quarteirões, voltei. Só para garantir e nada. Atravessei a rua tentando encontrar do outro lado. Andei os mesmos três quarteirões e voltei, só para garantir. E nada. Meus rapazes tinham sumido.
Havia policiais andando por todos os lados, com sorrisos nos rostos. Tinham levado meus rapazes.
Entrei em desespero.
Transtornado, entrei em uma padaria e pedi logo uma cerveja. Plena segunda-feira, dez horas da manhã.
Sentei no banco mais distante do último cliente, queria distância. Tinham sumido com os meus rapazes.
E agora? Com quem e onde eu compraria? Não compraria.
Teria que passar a viver sem. Coisa não muito difícil nos tempos atuais. Mas eu estava viciado. Precisava dos meus rapazes pra comprar.
A cerveja descia rasgando a garganta, como se também precisasse disso pra me refrescar por dentro. Não tinha espírito, não tinha sentido algum.
Saí mais uma vez e parei olhando a rua, sem rumo algum. Porcaria de vício.
Entrei na primeira “galeria” que encontrei e pedi um. O cara me olhou como se eu fosse um et, algo fora do mundo, desconexo. Sim, eu sei.


É, corações tamanho P tinham acabado pra mim e o meu já tinha passado do prazo de validade.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

(Foto por: @AndrehSantos - Flickr aqui )

Plena Sé, oito horas da manhã.
Se sente uma sardinha morta, dentro da lata.
O sono bateu, mesmo depois de duas xícaras de café na padaria da esquina.
Colocou o fone no ouvido.
Porrada logo cedo.
Mas o sono continua.
Desce um, desce dois, mas o metrô continua lotado.
Gente com sono e cansada.
Gente folgada e gente aleatória.
Sardinhas de espécies diferentes.
Automaticamente, desce na próxima estação.
Sobe a escada.
Sobe a escada rolante.
Sobe a rua.
Entra no escritório.
Coloca o paletó na cadeira.
Pega mais um café.
O dia vem, o dia vai.
Tudo igual.
Piloto automático mode on.
Abre o livro:

Sua vida de trás pra frente:

O dia vai, o dia vem.
Joga o copo descartável no lixo.
Coloca de volta o paletó.
Desce a rua.
Desce a escada rolante.
Desce a escada.
Entra no vagão.
Sardinhas de espécies diferentes.
Gente aleatória e gente folgada.
Gente cansada e com sono.
Desce dois, desce um e o metrô vai esvaziando.
O sono volta depois de um tempo.
Nem ouve mais música.
Oito copinhos de café no expediente, mas o sono continua.
Se sente uma sardinha morta e extremamente cansada, dentro da lata.
Plena Sé, seis da tarde.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Para você (e eu sei que vai ler)

Você me conhece. Sabe recobrar todos os meus sentidos. Mesmo quando eu acho que não tenho ideia do que estou fazendo. O pulso a milhão, me ajuda a entender que preciso reduzir o ritmo sem criar expectativas. Mas você também sabe que na medida que pulsa forte e reanima, me acalma e me deixa em paz. É, vai entender.
Você sabe que tudo não passa de um teste, certo? Um teste que dura a vida toda. Suor, calafrios, lágrimas. É tudo parte desse teste que nos mata pouco a pouco.
E você pensa (e como pensa viu?!), coloca tudo em contas, mas nunca abre mão do mecanismo, do artificial.
Tenho vontade de sair correndo, feito sangue pelas veias e te sacudir e te mostrar como é ser real. Como é ser dor, ser pecado, ser mortal. Não ter limites de velocidade, não ter engrenagens e ser apenas livre.
Ai, você para e pensa ‘que loucura é essa?’, assim sou eu. Eu não sei mudar. E sei que você sabe que eu não sei. E não quero saber. E sabe porquê? Porque não ter limites me faz viver (sim, do mesmo jeito que me mata).

Hoje eu sou assim, mas não estou. Estar é um pouco efêmero.
Eu sou (eterno).
Enquanto pulsar minha última gota.



Your H.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Diálogo na chuva.

- Vem, vamos conversar. Vamos sair.
- Agora?
- Agora!
- Mas está chovendo!
- E daí?
- Você quer sair na chuva?
- Quero sair. E ponto.
- Ok, então vamos.
- Cuidado com a poça.
- Pra que cuidado? Já me molhei dos pés à cabeça!
- Você que sabe.
- O que você quer falar?
- Ainda não... Espera mais um pouco, vamos andando.
- Andando pra onde meu Deus?!
- Pra lugar nenhum! Só... hm, cuidado com a poça!
- Fala logo, estou começando à ficar com frio.
- Mas ta um calor da porra! Vamos comprar uma cerveja, ai eu falo, ok?
- Ok, vamos sim.
- Latinha ou garrafa?
- Odeio latinha, então garrafa!
- 2 garrafas de Skol!
- É pra já amigo!
- Então, vamos sentar ali fora, quero saber o que tanto você quer falar e não fala!
- Então vamos, já que você quer saber, mas pula a poça!
- Mas que porra, deixa eu pisar na poça!
- Como você consegue?
- Afinal, foi você que me chamou aqui. O que aconteceu?
- Nada.
- Nada?
- ...
-...
- É que eu não aguento mais. Eu surto, eu piro. E eu preciso de mim.
- Traduzindo: você não quer mais ficar comigo, é isso?
- Basicamente.
- Basicamente?
- É... É melhor assim, para nós.
- E o que acontece agora?
- Não sei.
- Vou embora.
- Já?
- Melhor.
- Cuidado com a poça.
- Você ainda se importa.
- ...
- Viu?
- Quem disse.
- Você.
- Nunca disse isso.
- Não com essas palavras.
- E como eu disse?
- Pelas poças.
- Pelas poças?
- É, você se importa.
- É, eu me importo.
- Tchau.
- ...